domingo, 27 de setembro de 2009


Em dezembro de 2009 em Copenhagen, na Dinamarca, representantes de mais de 200 países vão se reunir para chegar a um acordo sobre como salvar o clima do planeta. O Brasil tem papel importante nas mudanças climáticas, já que o país é o quarto maior emissor de gases de efeito estufa, figura entre as dez maiores economias do mundo e ainda possui recursos naturais como a floresta amazônica.

Para fazer sua parte no combate às mudanças climáticas, o governo brasileiro deve se comprometer a zerar o desmatamento da Amazônia , expandir a geração elétrica renovável e criar uma rede de reservas marinhas para manter os oceanos vivos.
Envie a mensagem abaixo ao presidente Lula. O Brasil pode – e deve – assumir a liderança na construção de um novo modelo de desenvolvimento.
Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Venho, por meio desta, exigir que o governo brasileiro assuma a liderança nas negociações da 15ª Conferência das Partes da ONU, em Copenhagen, na Dinamarca e se comprometa a:
- Zerar o desmatamento da Amazônia até 2015 e apoiar a criação de fundo financeiro internacional para apoiar este objetivo (mecanismo Florestas pelo Clima);
- Garantir que pelo menos 25% da eletricidade sejam gerados a partir de fontes renováveis de energia como vento, sol, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas até 2020 e apoiar a transferência de tecnologia entre os países;
- Transformar pelo menos 30% do território costeiro-marinho do Brasil em áreas protegidas até 2020;

Senhor presidente, independente do histórico do Brasil como emissor de gases estufa, o país deve assumir sua responsabilidade. Podemos continuar nos desenvolvendo e gerar emprego e renda sem contribuir para o aquecimento global, o maior desafio já enfrentado pela humanidade.

Salvar o planeta – é agora ou agora. http://www.greenpeace.org.br/cop/envie_msg.php

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Renovação da mente




Romanos 12: 1-2

Portanto irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.


Comentário:

Nesse texto Paulo declara o modo de vida que um nascido de novo deve adotar. Demonstra com clareza que a vida cristã deve caminhar ao encontro dos padrões estabelecidos por Jesus, tendo-os como alvo. É uma formula simples, mas não simplista, de como evoluir espiritualmente através de um compromisso racional. Esse versículo nos encoraja a substituir as previsíveis estruturas humanas de pensar, pelo modo Divino. Fala em sacrifício vivo, que anuncia o esforço, e em renovação da mente como a ferramenta necessária para alcançar o desafio proposto.

Um outro texto da palavra que tem me ajudado a assimilar esse texto, é o da carta aos Filipenses, quando Paulo enfatiza seu esforço em prosseguir para o alvo: "Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcánça-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus."

Caminhando vamos, em sacrifício vivo, santo e agradável, prosseguindo para o alvo. Nem sempre acertando, mas sempre mirando.

d.a.

“ Deixamos a história do crescimento numérico dos evangélicos por conta do IBGE “

É possível dividir a história da evangelização do Brasil em três períodos distintos e naturais: nos séculos 16 a 18, missionários católicos cristianizaram o país; e, no século 20, missionários e obreiros brasileiros pentecostalizaram o país ( com o auxílio dos carismáticos católicos ). No início ocorreu a pré-evangelização; no século seguinte, a evangelização propriamente dita; e, no século passado, a pós-evangelização.Em todo o mundo, o século16 foi o grande século missionário protestante; e o século 20, o grande século pentecostal.

Embora tenha havido um intervalo de apenas 57 anos entre a primeira missa católica e (1500) e a primeira celebração da Santa Ceia protestante (1557), os evangélicos demoraram mais de três séculos e meio para dar início a obra missionária em terra brasileira. As cinco primeiras denominações a se instalar no Brasil foram, por ordem cronológica, os congregacionais (1855), os presbiterianos (1859), os metodistas (1867), os batistas (1882) e os episcopais (1889). A igreja evangélica brasileira é muito jovem: tem apenas 150 anos. Todavia espalhou-se por todos os cantos da nação e cresceu muito. Tornou-se uma igreja missionária, com não poucos brasileiros trabalhando em favor do evangelho em países de todos os continentes.
O crescimento sempre traz riscos. Ele pode embebedar as pessoas e provocar euforia demasiada. Euforia é quase sinônimo de assanhamento, aquela manifestação de uma criança elogiada que começa a fazer gracinhas para chamar atenção. Essa euforia pode criara uma espécie de idéia fixa de crescimento numérico, em grave detrimento do crescimento qualitativo. Outro sério risco é a busca do crescimento numérico como fonte de visibilidade, projeção, riqueza, glória e poder. História da evangelização é uma coisa , e história do crescimento da igreja é outra. A diferença talvez não seja muito visível, mas é enorme. A história da evangelização é o registro de todo o esforço feito pela igreja (como assembléia dos salvos) para proclamar Jesus Cristo como Senhor e Salvador, “por cuja obra o homem se liberta tanto da culpa como do poder do pecado, e se integra aos planos de Deus, a fim de que todas as coisas se coloquem sob a soberania de Cristo’’ ( René Padilla ). Já a história do crescimento ( divorciado da evangelização ) é o registro de todo o esforço feito para encher os bancos vazios e, em sua versão mais escandalosa, aumentar o número de dizimistas.
Tenhamos coragem suficiente para escrever a história da evangelização da pátria amada. Deixemos a história do crescimento numérico da igreja com o IBGE!
Revista Ultimato 2008

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

"Não quero o direito de ser homofóbica"


Em um momento como o que estamos vivendo no Brasil temos que saber pesar nossas palavras como Igreja. Não é nosso papel legislar moral. Deus criou a lei moral a partir de seu próprio coração refletindo seu amor e cuidado com aqueles que Ele mesmo criou e que conhece muito bem. É sua intenção que nossa sexualidade refletisse a profundidade e intimidade do relacionamento que Ele mesmo quer ter conosco. É sua intenção que nossa sexualidade seja responsável, monogâmica, comprometida por toda a vida, gerando o núcleo da família, filhos que vão encher a terra e conhecer parte de seu amor através do amor que seus pais em família são capazes de gerar. É sua intenção que nossa sexualidade seja hetero-sexual, para poder cumprir as duas outras intenções acima: um amor que se encontra nas diferenças e não na igualdade e um amor capaz de gerar biológicamente, fisicamente completo nas palavras de Roberto Carlos pelo côncavo e o convexo. Deus é o criador do sexo e do prazer sexual. No entanto apesar de todos estes projetos maravilhosos para a família ele não se ilude à respeito do mal uso que podia ser feito deste sexo inventado por ele. Há páginas e páginas na Bíblia sobre com que e com quem não devemos praticar sexo. Não pratique com sua irmã, com seu irmão, com seu pai, com sua mãe, com outro homem se você for homem, com outra mulher se você for mulher, com o bode, com animais, etc., etc. Deus não presumiu que por haver um ideal, estaríamos todos compelidos a ele. Ele estabeleceu sanções claras para que Israel como toda sociedade sadia tivesse como reforçar o padrão social estabelecido por ele, senão com certeza como acontece em qualquer sociedade este padrão se perderia completamente em poucas gerações.
Como Igreja vivemos hoje no Brasil uma encruzilhada moral e cultural. É nosso dever e nosso ideal cristão viver os princípios de Deus para a família. Infelizmente vivemos estes valores de uma forma pífia. A Bíblia dá mais ênfase ao adultério, do que às perversões, defendendo os limites da família com veemência. Nós cristãos não damos ao adultério a mesma importância, justificamos, entendemos, e até “defendemos” adultérios em nome da felicidade pessoal e em nome do mero hedonismo que tempera nossa religião com o mesmo sabor do mundo. Mas a homossexualidade? Ah, este sim é um pecado gravíssimo e numa hora como esta nos desesperamos para ter uma voz. Infelizmente não sabemos nem pelo que lutar. Que tipo de voz queremos? Uma voz moral? Queremos que as leis brasileiras reflitam as leis morais de Deus? Que os homossexuais sejam apedrejados? Acho que o bom senso nos diz que não. Queremos então que o Estado brasileiro se conforme mais aos padrões de Deus e não permita a união legal homossexual? Seria um clamor mais razoável e teríamos que trabalhar um tempo com a sociedade para verificar se este é o desejo da maioria da sociedade. Mas também não teríamos tratado com o problema principal.

Como disse a estudiosa da Bíblia professora Landa Cope, que tive o privilégio de ouvir recentemente, de acordo com a palavra de Deus a responsabilidade de legitimar casamentos não é do Estado. O Estado pode casar dois homens, um homem com duas mulheres, três homens com uma mulher, dois porcos com uma galinha, que pra Deus não faz diferença. Esta responsabilidade também não foi dada à Igreja. Numa sociedade que vive princípios bíblicos esta responsabilidade é da família. É no dominío das famílias que se legitima, e fortalece a união de dois jovens, a formação de uma nova família. Vemos casamentos na Bíblia mas nem um casamento feito ou legitimado pela igreja ou pelo estado. Como acontece até hoje nas sociedades tribais, e muçulmanas, as famílias dos noivos se juntam entram em acordo e se comprometem em nutrir e abençoar a constituição de uma nova família. Se o Estado acha por bem legitimar a união homossexual e a população do país concorda, não há nada que podemos fazer como cristãos. Não é o ideal para sociedade nenhuma, como cristãos se nos for dado o direito de voto, diremos não, mas será que vai fazer muita diferença? Infelizmente nos dias de hoje até os casamento heterossexuais estão se desfazendo em mais de 40%. Será que os pseudo-casamentos gays tem chance de durar mais? Eu duvido.


Como cristã tenho que dar a mão à palmatória e também reconhecer que a confusão entre moralidade e leis governamentais também não é de Deus. Misturar Deus e estado foi um erro na época de Constantino e continua sendo um erro hoje. Um estado justo e que reflete os valores de Deus vai afirmar para cada indivíduo o direito às suas escolhas individuais desde que estas escolhas não firam o direito de outros. Muitos evangélicos estão numa expectativa de uma espécie de “sharia” cristã onde a moralidade cristã seria reforçada pelo estado. Além de ser injusta e absurda esta “sharia” não mudaria o coração dos homens que só é definitivamente mudado de dentro pra fora.

Como discutir então a questão homossexual no Brazil hoje?

Temos o dever cristão de lutar contra a homofobia. A discriminação de pessoas com base na sua preferência sexual é tão ruim como a discriminação com base na sua crença religiosa. A voz anti-homofobia deveria ter sido ouvida primeiro da nossa boca, um grito de amor em favor do aflito. O homossexual é gente. Tem direito à emprego, tem direito à tratamento médico, tem direito a ter o seu espaço. Se tivéssemos liderado esta luta é provavel que não teríamos que viver hoje o desconforto da imposição da agenda homossexual como estamos vivendo. Teríamos nos aliado a eles pelo amor de Cristo, e não nos levantado contra eles numa cruzada de ódio e preconceito. O amor faz toda a diferença. O reino de Deus se ganha perdendo...

Mas agora é quase tarde demais. O pacote gay está no congresso e está pesado. Agora quem está sendo roubado de direitos somos nós. Se o pacote for aprovado como está não teremos mais o direito de expressar nossos valores morais, e teremos que engolir uma educação homossexualizante imposta nas escolas à pretexto de “prevenção anti-homofobia”. O que fazer?? Imagino que se erguemos nossa voz agora de maneira racional, cordata se nos uníssemo pelo verdadeiro desejo de que o direito de todos sejam respeitados, os nossos, e os deles, quem sabe ainda poderíamos mandar uma delegação para o “Grupo de Trabalho” da senadora Fátima Cleide, e ser ouvidos. Se nossa voz for amor, for respeito, seremos também respeitados.


Bráulia Inês Ribeiro [via Eclésia] está na Amazônia há 25 anos como missionária, é presidente nacional da JOCUM(Jovens Com Uma Missão) e autora do livro Chamado Radical (Editora Atos)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"Jovens perdem fé na escola"


Estudo mostra que os jovens latino-americanos das periferias não acreditam que a escola pode melhorar sua vida.


O volume da música é alto no fone de ouvido do iP od de Juliana (nome fictício*), 15 anos. A jovem caminha pela rua onde mora, no bairro Pilarzinho, em Curitiba, na busca de um futuro que nem mesmo ela sabe onde encontrar. Sem trabalho, nem emprego, Juliana resolveu abandonar seus estudos no ano passado, quando cursava o 1.º ano do ensino médio, na Escola Estadual Emiliano Perneta, a mais próxima de sua casa. Caçula de sete filhos de uma catadora de papel sem estudos, a adolescente até pensa em voltar para a escola e tentar uma vida melhor. “Não quero que seja a mesma (escola). Aqui é muito fraco, nunca vou conseguir passar no vestibular”, diz.

Escolha parecida fez o entregador Cristiano, 21 anos, morador de Colombo, na região metropolitana. Há quatro anos foi convidado a trocar de colégio, quando frequentava a 6.ª série, após ter brigado com o professor. Pai recente de uma menina de 6 meses e com um emprego que lhe garante o sustento, não se arrepende de ter abandonado os estudos. “Não acho que vou ser melhor ou pior se for ou não para a escola.”

Cristiano e Juliana fazem parte de uma juventude que resolveu deixar os bancos escolares porque não acredita mais que concluir o ensino básico ajuda a melhorar de vida. Essa tem sido a visão de mais da metade dos jovens latino-americanos que vivem na periferia de grandes cidades e abandonaram a escola. É o que mostra um estudo do professor e pesquisador Gon¬zalo Saraví, do Centro de Inves¬tigações e Estudos Superiores em Antropologia Social, no México.

A pesquisa foi publicada neste mês na revista da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Criada em 1948, a Cepal é uma das cinco comissões econômicas regionais das Nações Unidas (ONU) que monitoram políticas de desenvolvimento.Segundo o estudo, dois em cada dez jovens brasileiros entre 15 e 24 anos abandonaram a escola e estão sem emprego (veja mais na tabela). A pesquisa mostra ainda que mais de metade dos jovens entre 20 e 24 anos não têm 12 anos de estudo. O tempo é considerado mínimo pela Cepal para evitar a pobreza.

Abandono

Apesar de avanços conquistados no acesso à educação, os países da América Latina ainda sofrem com as altas taxas de evasão escolar. Segundo o autor do estudo, que vive no México e respondeu às perguntas da Gazeta do Povo por e-mail, os jovens estão descrentes de que o mercado de trabalho assegura uma vida melhor, principalmente em função dos baixos salários e do subemprego. “São vulneráveis. Nem todos são delinquentes ou usam drogas. São jovens que não sabem o que fazer e não têm muitas oportunidades”, afirma.

O assistente de eletricista Tiago Santana da Luz, 20 anos, é um exemplo típico. Aos 18 anos, resolveu abandonar os estudos pela terceira vez. Estava na 5.ª série, no início da adolescência. Resolveu ajudar seu pai, que é eletricista. “O trabalho não é muito bom, mas é melhor do que estar na escola.”

Consumo

Saraví ressalta que o desinteresse pela escola por parte dos jovens gera um quadro de fragmentação social, em que o individualismo é reforçado e o consumo de bens materiais tem sido adotado como símbolo de identidade e inserção na sociedade. “Os jovens menos favorecidos também sofrem a pressão do consumo, o que gera angústias, frustrações e outros males, que podem se manifestar como problemas sociais.”

A pressão pelo consumo é outro dos muitos fatores que explicam a alta taxa de evasão dos jovens no ensino médio. A diretora da Escola Estadual Emiliano Perneta, Sandra Capelão, reafirma essa tendência. A escola é a mesma para onde Juliana não quer retornar. “Não tinha uniforme e não me sentia bem por causa disso. Minha mãe não tinha dinheiro para comprar”, diz a adolescente.

Outros fatores também são apontados pelo autor da pesquisa como responsáveis pela evasão, como a falta de segurança e ensino pouco atraente. “Sozinha a escola não resolve o problema. Os governos precisam adotar políticas de revalorização da educação, de modo que fortaleça a escola pública para que não seja sinônimo de lugar para pobres”, diz.

* Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados.
Gazeta do Povo 30/08/2009  - TATIANA DUARTE