quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Cena de final de ano ... e memórias de Rui Barbosa !


"A FALTA DE JUSTIÇA, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais. A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas. De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. Essa foi a obra da República nos últimos anos......"
VERGONHA - Por Rui Barbosa, escrito em 1914

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Para quem gosta de conteúdo. . . uuurra meu!!!

O Sacrifício do Natural
“ Abraão teve dois filhos, uma da mulher escrava, e outro da livre.” Gálatas 4.22
Neste capítulo de Gálatas, Paulo trato do pecado, mas da relação entre o natural e o espiritual. O natural deve ser transformado em espiritual, pelo sacrifício, senão ocorrerá um desastroso divórcio na vida real. Por que D´us ordenaria que o natural fosse sacrificado? Ele não ordenou. Não se trata de uma ordem de D´us, mas de Sua vontade permissiva. A determinação de D´us foi de que o natural se transformasse em espiritual pela obediência; mas a presença do pecado tornou-se necessário que o natural fosse sacrificado. Abraão teve que oferecer Ismael antes de oferecer Isaque. Alguns de nós estamos tentando oferecer sacrifícios espirituais a D´us antes de sacrificarmos o natural. O único meio de oferecermos a D´us um sacrifício espiritual é apresentar nosso corpo como sacrifício Vico. A santidade significa mais do que libertação do pecado; significa uma entrega deliberada de mim mesmo, a D´us, sem me importar com o preço que isso possa custar.Se não sacrificarmos o natural ao espiritual, a vida natural zombará da vida do Filho de D´us em nós, e produzirá uma constante vacilação. Isso é sempre produto de uma natureza espiritual indisciplinada. Erramos por sermos teimosos, recusando-nos a disciplinar-nos física, moral e mentalmente. Eu não fui disciplinado quando era criança. Mas tem que se disciplinar agora. Se não o fazer, sua vida pessoal não terá valor para D´us. Enquanto persistirmos em mimar a nossa vida natural, D´us não a abençoará; quando, porém, colocarmos no deserto e resolutamente a subjugarmos, então ele atuará nela; abrirá poços e oásis, e cumprirá todas as suas promessas para a vida natural.

Fonte: Textos extraídos das conferências proferidas no Bible Training College, Clapham nos anos de 1911 a 1915. Estes textos foram reunidos em um livro de devocionais diário chamado “Tudo para Ele” – Oswald Chambers – Editora Betânia.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Think About it : "Maus pastores/más palavras; bons pastores/boas palavras?

Na igreja várias vezes eu ouvi afirmações do tipo: "não existe palavra (ou pregação) ruim"/"não existe pastor ruim, você é que não estava sintonizado espiritualmente".  Acho que muitos já devem ter cruzado afirmações como essas e, para mim durante um certo tempo, isso ressoava como uma culpa. Me sentia culpado por não estar no nível espiritual daqueles que haviam gostado da pregação. Me sentia até mal por falar que não havia gostado da palavra, ou de que o pregador estava equivocado em algumas passagens. Podia ser acusado de "pobre pessoa", que não ouviu a voz do Espírito. Bom, de qualquer forma já passei essa fase de culpa e acho sim que nosso dever enquanto cristãos é avaliar tudo à luz da bíblia, e se algo não estiver 'cheirando' muito bem, é nossa função estudar e debater tal ponto. Não devemos simplesmente engolir tudo o que nos empurram goela abaixo. Temos que filtrar o que ouvimos, sem deixar o Espírito Santo de lado é claro, mas com um espírito (este humano mesmo) crítico. Neste sentido eu li um texto de Vicent Cheung muito interessante. Abaixo uma passagem. O estudo inteiro pode ser encontrado em http://monergismo.com/?p=2539. "Visto que a pregação envolve nossa própria expressão de ideias bíblicas, é ainda mais importante que aprendamos essas ideias com precisão, e que cuidemos para preservá-las e promovê-las sem contaminação, guardando-as com vigilância zelosa. Se a pregação é mera leitura da Bíblia ou se envolve apenas exegese rígida, então até mesmo não cristãos podem realizá-la. O que a Bíblia diz sobre as qualificações do ministro não fariam sentido então. Contudo, a qualidade da pregação de fato depende da qualidade do pregador, e isso é verdade porque pregar o evangelho não é apenas ler a Bíblia, mas digerir suas ideias e então transmitir e aplicá-las de uma forma que seja moldada pela formação, personalidade e competência do pregador, bem como pela audiência e a situação a qual ele se dirige. Na pregação, a Escritura não é simplesmente lida, mas “manejada” (2 Timóteo 2.15). Suas ideias são processadas, organizadas, reformuladas e aplicadas pelo pregador. E esse é o motivo pelo qual o pregador deve constantemente se purificar e se esforçar para crescer. Algumas instruções sobre homilética sugerem que a melhor pregação ocorre quando o ministro sai do caminho o máximo possível e permite que a Bíblia “fale por si mesma”. O método expositivo é então recomendado. Mas a melhor forma de alcançar esse efeito é fazer o ministro ler a Bíblia à sua audiência sem nenhum comentário. Isso, contudo, é ler e não pregar. A Bíblia ordena que preguemos. O ministro deve fazer contribuições decisivas para a forma e conteúdo do seu sermão. Pregar não é sair do caminho, mas sim estar bastante nele.
Nesse sentido, pregar não é deixar a Bíblia falar por si mesma, mas falar por ela. Muitos cristãos se sentem desconfortáveis com isso, mas na extensão em que nossa definição de pregação enfraquecer o papel humano, nessa mesma extensão ela também destrói a própria pregação, e também reduz a nossa responsabilidade na questão. Talvez esse seja o motivo pelo qual muitas pessoas favorecem tal definição em nome de permitir que a Bíblia fale por si mesma: faz-nos sentir como campeões da ortodoxia sem ter que assumir a responsabilidade."
Parte do texto: "Padrão para a pregação" de Vicente Cheung. Fonte: Reflections on Second Timothy Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto, julho/2010

Fonte: blog http://oracaovalente.blogspot.com/, RECOMENDO !

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Ação social cristã - realismo e espiritualidade



Durante anos, a Coreia do Sul foi tida como modelo de crescimento da igreja. Porém, em meados de 1990, as igrejas coreanas pararam de crescer e até encolheram, pelo menos como porcentagem da população. Hoje, se quisermos um exemplo de igreja que cresce na Coreia do Sul, devemos olhar para a Igreja Católica. E essa situação provocou reflexões: por que as igrejas evangélicas cresceram tanto entre os anos 60 e 80 e depois estagnaram? E por que, por outro lado, a Igreja Católica vem se expandindo? Uma das razões aventadas é a relativa falta de preocupação social genuína no meio evangélico coreano. As megaigrejas ficaram conhecidas por muitas coisas, mas não pela preocupação social. A construção de impérios eclesiásticos lhes parecia mais importante do que a seriedade no trato das questões sociais. Espero que não sigamos o mesmo caminho. No Brasil, a Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS -- www.renas.org.br) é uma das entidades evangélicas mais significativas da atualidade, tanto para a igreja quanto para a sociedade. Organizações como esta são vitais para a igreja, para manter a atratividade evangélica, para alongar a curva de crescimento numérico e, acima de tudo, para o “crescimento integral” da comunidade cristã (pensando a igreja como, na famosa frase de Bonhoeffer, um clube que existe principalmente para os que não são sócios).

Entretanto, essas entidades são importantes também para a sociedade brasileira, apesar dos avanços inegáveis que têm havido. Porque tenho dividido meu tempo entre o Brasil e o Canadá, tenho podido olhar o país de dentro e de fora. Por menos que percebamos isso dentro do país, por mais que o ceticismo sobre o futuro continue, a realidade é que no exterior o Brasil não é visto como era há vinte anos. Porém não quer dizer que uma entidade como a Renas seja menos importante. Ainda há (e haverá por muitos anos) graves necessidades sociais e, mesmo nos países mais avançados, elas não deixam de existir. O aspecto estritamente material das necessidades pode diminuir, mas os aspectos não-materiais continuam existindo. E por mais que os governos se esforcem, não conseguem atender muito bem às dimensões não-materiais das necessidades sociais. Além disso, tem havido uma retração no papel social do Estado na maioria dos países avançados.

Há, no entanto, o perigo da frustração com a igreja evangélica “latu sensu”. Por mais que a RENAS cresça (e tem crescido), representa uma pequena porcentagem dos evangélicos. E essa frustração pode levar a um sentimento de superioridade. Podemos pensar que somos vanguarda, que somos os mais esclarecidos e os mais atuantes. E isso é perigoso. Para não deixarmos que esse perigo mine a base do nosso próprio trabalho, precisamos dos seguintes elementos: “realismo teológico, realismo sociológico” e algo que chamo de “humildade amorosa”.
O “realismo teológico” é a variedade de dons que Deus dá à igreja. A carta constitucional da igreja é a maneira como Deus distribui os dons do Espírito Santo. Isso deveria ser o princípio estruturante da comunidade cristã, conforme percebemos quando olhamos as duas principais listas de dons do Espírito Santo no Novo Testamento (Rm 12.3-8; 1Co 12.1-11). Há uma variedade de dons e essas duas listas são quase totalmente diferentes, exceto por um único dom repetido, que é a profecia. Elas parecem se referir a duas igrejas bem diferentes: a igreja de Corinto como uma igreja “carismática”, e a igreja de Roma como uma igreja “prosaica”. Além disso, o entorno de cada lista também é diferente. No texto de Romanos, enfatiza-se o exercício fiel dos dons e a humildade que deve acompanhá-lo, ou seja, a “fidelidade” e a “humildade”. Por outro lado, em 1 Coríntios enfatiza-se a “diversidade” e a “universalidade” dos dons, ou seja, nem todos têm os mesmos dons e todos recebem algum dom. Poderíamos imaginar que Deus fizesse as coisas de forma diferente. Ele poderia ter constituído a igreja com dons para alguns e não para outros. Ou que quem tivesse certos dons fosse considerado superior a quem tivesse outros. Ou que, em vez de distribuir os dons, desse todos eles a cada um de nós. Em todos os casos, o princípio estruturante da comunidade cristã seria diferente. Porém, a realidade é que Deus criou uma comunidade cristã em que todos têm algum dom, ninguém é superior por ter um dom específico e ninguém possui todos os dons. Isso estrutura a noção de comunidade cristã e é o modelo pelo qual devemos medir e avaliar as comunidades cristãs existentes. Tal realismo teológico serve para moderarmos um pouco a crítica com relação ao fato de a RENAS não abarcar toda a igreja. Há vocações diversificadas que devem ser apreciadas e valorizadas pelos outros, mas não necessariamente imitadas por todos, pois nem todos recebem o mesmo chamado de Deus. O realismo teológico deve sempre adoçar a nossa crítica ao contexto eclesiástico maior.
O “realismo sociológico” é a ideia de que nem todo mundo é capacitado religiosamente da mesma forma. Nas palavras do sociólogo Max Weber, existem os “virtuoses” religiosos, ou seja, pessoas excepcionalmente capacitadas. (Note que a palavra é “virtuoses” e não “virtuosos”, que são pessoas cheias de virtudes, algo que todos os cristãos devem se tornar ao longo dos anos.) Os virtuoses são especialmente capacitados para certas experiências e certas habilidades religiosas (captar elementos místicos, por exemplo). E isso não tem a ver com a questão da salvação. Existem os virtuoses religiosos e a “massa” religiosa -- pessoas que não têm uma capacitação excepcional nesse campo. Por mais que a proposta evangélica seja transformar todos os membros da igreja em virtuoses (todo mundo deve ser “muito crente”, ter experiências espirituais fortes e se envolver em tudo), o fato é que isso nunca acontece. E sempre que a igreja cresce mais numericamente, isso acontece menos. É o que constatamos hoje no Brasil. A igreja evangélica virou fenômeno de massas e a distinção entre a massa evangélica e os virtuoses evangélicos ficou mais evidente. E é sociologicamente irrealista esperar que seja diferente. Podemos esperar que seja “melhor” do que hoje, mas nunca haverá 100% no patamar mais alto. Sempre haverá uma parcela considerável de pessoas que estão na comunidade cristã, mas que “vão levando”. A história mostra que isso sempre acontece. Nesse sentido também é preciso adoçar nossa crítica. Como o processo de crescimento numérico gerou perdas em outros sentidos, houve uma perda considerável do valor da identidade evangélica na sociedade brasileira. Na medida em que a igreja cresce numericamente, podemos nos pautar cada vez menos pela média da igreja. Temos de ser cada vez mais contraculturais na própria igreja. Digo isso não para que nos desanimemos, mas para que saibamos não mergulhar no desânimo. De vez em quando, inevitavelmente, vem uma onda de depressão por causa da realidade evangélica mais ampla. Porém não devemos ceder a ela. O realismo teológico e o realismo sociológico nos ajudam a não “chutar o balde”.

Nota * Palestra apresentada no 5º Encontro Nacional RENAS, em Recife, em agosto de 2010. Paul Freston, inglês naturalizado brasileiro, é professor colaborador do programa de pós-graduação em sociologia na Universidade Federal de São Carlos e professor catedrático de religião e política em contexto global na Balsillie School of International Affairs e na Wilfrid Laurier University, em Waterloo, Ontário, Canadá.