sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Viver pela fé? Ou viver da fé?


Viver pela fé, que é um dom de Deus, é crer e confiar que absolutamente nada foge ao controle daquele que tudo criou. Aceitar que, mesmo não compreendendo tudo, estamos seguros de que há algo maior que orquestra a vida dos que nele confiam. A escritura nos diz: considere o dia bom e o dia ruim, pois tanto um quanto o outro, Deus os fez. Assim como na promessa do Salmo 91, lá está, mas ninguém parece querer enxergar: e na adversidade estarei contigo. Isso sem falar de Jesus, o próprio filho de Deus, que não fez outra coisa a não ser viver até a morte, mas ressuscitar, pela fé, para dizer: no mundo tereis aflição, mas tende bom ânimo pois eu venci o mundo. A única e verdadeira vitória; a Graça imerecida que redime e nos permite voltar para perto do Pai. De fato, não há nada que possamos fazer para que Deus nos ame mais, nem atitude alguma que faça com que ele no ame menos. Esse é um amor incondicional, sem exigência, que constrange e transforma sem qualquer imposição.
Ou seja, viver pela fé é crer que a vida é uma dinâmica, que não temos controle do todo, que nem tudo será sempre mil maravilhas, mas que Deus é a única possibilidade diante de nossas impossibilidades, que não são poucas. Aliás, basta abrir os braços, imitando o Cristo Redentor, para perceber o quanto nossos braços são curtos. Alcançamos pouco e abraçamos muito menos do que o nosso ego imagina. Assim podemos ter uma noção de quão grande é a nossa ganância e nítida ignorância de que temos controle sobre as variáveis que a vida, invariavelmente, nos apresenta. Viver pela fé é um ato de coragem, diária, de crer para ver. Não o de ver para, aí, só então: crer.
Já o viver da fé é o fator Denorex – parece mas não é – que se apropria de acontecimentos e históricos para manipular, tirar proveito e fingir extrair o novo de algo que já foi feito. O exercício da distorção, da imposição de condições, que na maioria das vezes envolve a área financeira, em troca de um resultado ainda melhor. Neste contexto estão as famosas campanhas de prosperidade, da vida inabalável, e do maravilhoso mundo que só mesmo o antigo seriado “Ilha da Fantasia” conseguia representar. Ou seja: coisa de Tatu.

E por falar em Tatu, esse tipo de “fé” normalmente se esconde e vive entocada. Mas, quando encontram espaço e uma “terra boa”, fazem um estrago por onde passam. Por sorte, mais ou menos dia, os “desfésados” ou os que verdadeiramente vivem pela fé começam a observar furos pelo caminho. Aí, quando um Tatu, que faz muito movimento mas pouca mudança é desnudado, o cair e o tropeçar em seus próprios buracos é só uma questão de tempo e observação. Como a própria sabedoria milenar nos diz: cuidado com os falsos profetas e os lobos com vestes de carneiro. Eu acrescentaria: fique esperto; cuidado com o Tatu.
Por Daniel Argolo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se tenta...dando pé a gente põe!